Usos de vertebrados silvestres na medicina tradicional por caçadores-agricultores da região do entorno do Parque Estadual Serra do Conduru (Bahia, Brasil)

Autores

  • Joanison Vicente dos Santos Teixeira Universidade Estadual de Santa Cruz, Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Laboratório de Etnoconservação e Áreas Protegidas https://orcid.org/0000-0001-9646-6136
  • Jade Silva dos Santos Universidade Estadual de Santa Cruz, Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Laboratório de Etnoconservação e Áreas Protegidas
  • Deyna Hulda Arêas Guanaes Universidade Estadual de Santa Cruz, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
  • Wesley Duarte da Rocha Universidade Estadual de Santa Cruz, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
  • Alexandre Schiavetti Universidade Estadual de Santa Cruz, Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Laboratório de Etnoconservação e Áreas Protegidas

Palavras-chave:

Etnozoologia, zooterapia, conservação, Serra do Conduru

Resumo

Resumo: Animais silvestres, domésticos e seus subprodutos são ingredientes importantes na preparação de medicamentos tradicionalmente utilizados na medicina popular, presentes em várias culturas humanas desde a antiguidade. No entanto, a diminuição do número de espécies nas regiões neotropicais, por meio da caça para diversas finalidades, como uso alimentar, medicinal e mágico-religioso tem colocado espécies em risco de extinção, especialmente as endêmicas. Nesse contexto, o presente estudo objetivou identificar as espécies de vertebrados silvestres utilizadas na medicina popular em cinco comunidades na região do entorno do Parque Estadual Serra do Conduru (PESC), Bahia, Brasil. Foram entrevistados 45 caçadores-agricultores que citaram 23 espécies os quais são extraídas 17 matérias-primas para prevenção e/ou tratamento de 19 enfermidades. Os mamíferos foi o táxon com maior número de citações, seguido pelas aves e répteis. Dentre as espécies citadas a Cuniculus paca é a mais utilizada para fins zooterápicos, seguido por Salvator merianae e Sphiggurus insidiosus. As comunidades apresentaram uma dissimilaridade em relação a diversidade de espécies de uso zooterápicos. Foram classificadas 10 categorias dos sistemas corporais para os quais os recursos terapêuticos são recomendados. Transtornos relacionados ao ouvido médio e interno foram os mais citados. Algumas espécies citadas encontram-se ameaçadas de extinção, como a Bradypus torquatus e Lachesis muta. A pesquisa mostrou que a zooterapia é uma prática tradicional inserida nas comunidades. Estudos adicionais são necessários para ampliar o conhecimento sobre demais espécies que possivelmente desempenham importante valor cultural às famílias, bem como avaliar em um contexto ecológico às implicações que pode acarretar com o uso descontrolado dessas espécies na medicina tradicional, uma vez que a prática da zooterapia pode causar pressão sobre populações animais críticas e ameaçar a biodiversidade.

Publicado

01/01/2020

Como Citar

Teixeira, J. V. dos S., Santos, J. S. dos, Guanaes, D. H. A., Rocha, W. D. da, & Schiavetti, A. (2020). Usos de vertebrados silvestres na medicina tradicional por caçadores-agricultores da região do entorno do Parque Estadual Serra do Conduru (Bahia, Brasil). Biota Neotropica, 20(1). Recuperado de //www.biotaneotropica.org.br/BN/article/view/1700

Edição

Seção

Artigos
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