Biologia da polinização e reprodução de Seemannia sylvatica (Kunth) Hanstein (Gesneriaceae) no Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul

Autores

  • Eduardo Camargo Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Licléia da Cruz Rodrigues Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Andréa Cardoso Araujo Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Palavras-chave:

sistema reprodutivo, ornitofilia, Phaethornis pretrei, protandria, mata ciliar

Resumo

No Brasil, a família Gesneriaceae é representada por 23 gêneros e cerca de 200 espécies. Seemannia sylvatica é uma espécie herbácea que ocorre em densas populações nos leitos de rios da região da Serra da Bodoquena. Os objetivos deste estudo foram conhecer a biologia floral (nos primeiros cinco dias de antese), determinar o sistema reprodutivo e os polinizadores de S. sylvatica. A coleta de dados foi realizada no período de junho de 2005 a julho de 2006 através de viagens mensais a campo, com duração de cinco dias. Dados sobre a biologia floral, o sistema reprodutivo e sobre os visitantes florais foram tomados em indivíduos localizados ao longo de uma trilha de 2500 m de extensão, em área de mata ciliar do rio Salobrinha. As flores de S. sylvatica são tubulosas, vermelhas, inodoras e duram mais de cinco dias (ca. 10 - 20 dias em indivíduos transferidos para jardim e mantidos em vasos). Seemannia sylvatica apresenta protandria, sendo que a fase masculina ocorreu entre o primeiro e o quarto dia de antese e a feminina a partir do quinto dia. O volume médio de néctar secretado foi de 4,77 ± 3,2 µl, tendo variado significativamente em flores de diferentes idades. Por outro lado, a concentração média do néctar foi de 9,71 ± 4,41%, e não houve diferença significativa nas diferentes idades da flor. As flores de S. sylvatica foram polinizadas principalmente pelos beija-flores Phaethornis pretrei e pelas fêmeas de Thalurania furcata, e pilhadas pela abelha Ceratina chloris. A borboleta Parides anchises orbygnianus foi considerada polinizadora ocasional dessas flores. Seemannia sylvatica é autocompatível, havendo formação de frutos nos experimentos de autopolinização espontânea, autopolinização manual, polinização cruzada e controle. A protandria, aliada ao padrão de produção de néctar em S. sylvatica, caracterizado pelo baixo volume e concentração de solutos, que induz os polinizadores a visitarem flores diferentes num dado circuito de forrageamento, agem maximizando a probabilidade de ocorrência da polinização cruzada. Por outro lado, a alta proporção de frutos formados por autogamia é uma estratégia importante tendo em vista que S. sylvatica é visitada por poucas espécies, sendo polinizada principalmente por P. pretrei. Portanto, na ausência desses visitantes, a formação de frutos pode ser assegurada.

Publicado

12/01/2011

Como Citar

Camargo, E., Rodrigues, L. da C., & Araujo, A. C. (2011). Biologia da polinização e reprodução de Seemannia sylvatica (Kunth) Hanstein (Gesneriaceae) no Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul. Biota Neotropica, 11(4). Recuperado de //www.biotaneotropica.org.br/BN/article/view/902

Edição

Seção

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