Lista atualizada das espécies arbóreas monitoradas a longo prazo em uma floresta com alta diversidade e endemismo nas serras do Espírito Santo, Brasil

Resumo

Resumo O principal propósito deste estudo foi atualizar a lista de espécies arbóreas monitoradas em uma floresta sem distúrbios na Estação Biológica de Santa Lúcia (SLBS), nas serras do Espírito Santo, sudeste do Brasil. Nesse local, árvores e palmeiras com um DAP ≥ 6,4 cm foram monitoradas por meio de inventários em parcelas permanentes totalizando 1,02 ha. Os inventários foram realizados em 1992–1993 (S1), 2003–2004 (S2) e 2017–2018 (S3), registrando altos níveis de riqueza e diversidade de espécies. Também objetivamos identificar as espécies ameaçadas entre aquelas monitoradas, apresentar valores mais precisos para medidas de diversidade e comparar a diversidade de espécies entre os diferentes inventários. O estudo foi apoiado pelas bases de dados speciesLink, Jabot e Flora e Funga do Brasil e envolveu a busca por atualizações nas determinações de 1.233 espécimes de 17 herbários; atualização de sinônimos e circunscrições de famílias e gêneros; revisão de determinações através da análise dos espécimes pessoalmente ou por meio de imagens de alta resolução; e ajuste dos arranjos de espécimes em morfoespécies. Compilamos as categorias de ameaça a partir da lista de espécies ameaçadas do estado de Espírito Santo, da lista vermelha CNCFlora e da lista vermelha da IUCN. Riqueza (número de espécies), índice de diversidade de Shannon (Hʹ) e equabilidade de Pielou (J) foram calculados para cada inventário a partir da matriz de abundância por espécies. A lista atualizada inclui 386 espécies, 168 gêneros e 69 famílias. Myrtaceae (75), Lauraceae (46), Fabaceae (31), Sapotaceae (25) e Melastomataceae (22) foram as famílias mais ricas. Apesar dos avanços na resolução das determinações, 44 morfoespécies permaneceram não identificadas, 24 delas sem espécimes férteis disponíveis para avaliação taxonômica. Riqueza, diversidade e equabilidade em cada inventário foram: 365 espécies, Hʹ = 5,23 e J = 0,89 em S1; 363 espécies, Hʹ = 5,18 e J = 0,88 em S2; e 358 espécies, Hʹ = 5,18 e J = 0,88 em S3. A diversidade se manteve alta no tempo, com variações não significativas entre inventários. Identificamos que 88 espécies (cerca de 23% do total) estavam atribuídas a alguma categoria de ameaça em pelo menos uma das listas de espécies ameaçadas consultadas. Surpreendentemente, 34 espécies novas foram descritas com espécimes coletados nas parcelas da SLBS, a maioria delas reconhecidas como endêmicas das serras do Espírito Santo. Os dados destacam a SLBS como um refúgio para espécies endêmicas e ameaçadas em uma região oficialmente reconhecida como de alta prioridade para conservação.