O uso de peixes em Ilhabela (São Paulo, Brasil): preferências, tabus alimentares e indicações medicinais

Autores

  • Milena Ramires Universidade Santa Cecília, Programa de Pós-graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e Marinhos
  • Matheus Marcos Rotundo Instituto de Pesca, Programa de Pós-graduação em Aquicultura e Pesca
  • Alpina Begossi Universidade Estadual de Campinas, Centro de Memória CAPESCA PREAC, Laboratório de Capacitação de Pescadores Artesanais para o Manejo da Pesca

Palavras-chave:

uso de recursos, pescadores artesanais, biodiversidade, etnoecologia, ecologia humana

Resumo

Este trabalho foi realizado em três comunidades de pescadores artesanais de Ilhabela, localizadas no litoral norte do Estado de São Paulo, Brasil. O objetivo foi analisar as preferências, os tabus e as indicações medicinais dos peixes e, desta forma, representar as interações dos pescadores com os recursos pesqueiros, visando entender os aspectos biológicos e culturais envolvidos. A coleta dos dados foi realizada através de entrevistas com o auxílio de questionários semi-estruturados. Foram entrevistadas 25 famílias, das 29 residentes nas três comunidades estudadas durante a coleta de dados, sendo que 5 delas foram realizadas na Praia do Jabaquara, 6 na Praia da Fome e 14 na Praia da Serraria. Foram citadas 18 consideradas preferidas para o consumo, 11 espécies consideradas como tabus, 5 espécies evitadas e 4 indicadas no caso de doenças. As famílias de pescadores preferem consumir peixes de escama e não consomem o baiacu, este último provavelmente devido a sua característica tóxica. Peixes como bonito, espada, cação, sororoca e cavala são evitados em casos como feridas, inflamações, gravidez e pós parto e outros como pirajica, marimba, anchova e garoupa são indicados como peixes medicinais nestas situações. Aspectos relativos ao consumo de pescado fazem parte do corpo de conhecimento dos pescadores e suas famílias e constituem um acervo rico de informações que somadas as informações biológicas são úteis para a conservação dos recursos pesqueiros. Dados como os apresentados nesse estudo, com relação ao uso de animais aquáticos para tratamento de doenças, podem servir de base para estudos futuros sobre substâncias que contenham elementos ativos na cura de doenças.

Publicado

03/01/2012

Como Citar

Ramires, M., Rotundo, M. M., & Begossi, A. (2012). O uso de peixes em Ilhabela (São Paulo, Brasil): preferências, tabus alimentares e indicações medicinais. Biota Neotropica, 12(1). Recuperado de //www.biotaneotropica.org.br/BN/article/view/905

Edição

Seção

Artigos
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