Aumento na temperatura média do mar pode ter causado o primeiro evento registrado de mortalidade de esponjas marinhas no Sudeste do Brasil

Autores

  • Humberto Freitas de Medeiros Fortunato Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão da Produção https://orcid.org/0000-0002-7997-2990
  • Amanda Guilherme da Silva Instituto Brasileiro de Biodiversidade
  • Rafael Pereira Azevedo Teixeira Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, Departamento de Ecologia https://orcid.org/0000-0001-5963-388X
  • Breylla Campos Carvalho Universidade de São Paulo, Centro de Biologia Marinha, Laboratório Aquarela https://orcid.org/0000-0001-5131-6177
  • Beatriz Grosso Fleury Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, Departamento de Ecologia https://orcid.org/0000-0002-3765-1507

Resumo

Resumo Ondas de calor e eventos de mortalidade em massa da biota marinha são cada vez mais frequentes e estão positivamente correlacionados ao aquecimento do oceano. Embora a literatura tenha indicado que algumas espécies de esponjas marinhas e algumas regiões oceânicas, como a Zona Econômica Exclusiva do Brasil, podem ser menos afetadas ou serem mais resilientes em cenários futuros de mudanças climáticas, poucos estudos focaram na resposta das espécies à problemática das mudanças climáticas na costa brasileira. Esse paradigma foi desfeito em 2019 após um excepcional aumento médio de 2 °C na temperatura da superfície do mar e nos valores de precipitação, desde 2015 na Baía da Ilha Grande (BIG, SE Brasil). Essa combinação de fatores possivelmente favoreceu um contexto ambiental sem precedentes, levando ao forte declínio populacional e alta taxa de mortalidade da esponja marinha Desmapsamma anchorata na primavera austral. A espécie costuma ser uma das espécies bentônicas mais frequentes na BIG, mas só foi observada em 41,7% dos sítios (n = 12). De 162 indivíduos registrados em Abraãozinho ao longo de 180 m de costão rochoso, 83 indivíduos (51,2%) estavam saudáveis, 74 (45,7%) estavam cobertos por cianobactéria e localmente branqueados e cinco (3,1%) estavam completamente branqueados ou mortos. A deterioração da população de D. anchorata na zona de transição biogeográfica (estado do Rio de Janeiro) pode refletir em uma alteração na comunidade marinha da BIG, abrindo espaço para o estabelecimento de espécies oportunistas, uma vez que a BIG possui alto turnover. A tridimensionalidade, o abrigo a diversas espécies, a alta capacidade competitiva e o potencial de indicar áreas poluídas ou não tornam D. anchorata uma espécie chave no monitoramento da BIG em um cenário de mudanças climáticas.

Publicado

01/01/2022

Como Citar

Fortunato, H. F. de M., Silva, A. G. da, Teixeira, R. P. A., Carvalho, B. C., & Fleury, B. G. (2022). Aumento na temperatura média do mar pode ter causado o primeiro evento registrado de mortalidade de esponjas marinhas no Sudeste do Brasil. Biota Neotropica, 22(3). Recuperado de //www.biotaneotropica.org.br/BN/article/view/1932

Edição

Seção

Short Communications
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