Flora vascular e vegetação da Ilha Queimada Grande, São Paulo, sudeste do Brasil

Autores

  • Bruno Coutinho Kurtz Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
  • Vinicius Castro Souza Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de Ciências Biológicas
  • Adriana Melo Magalhães Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ARIE das Ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande
  • Juliana de Paula-Souza Universidade Federal de São João del-Rei, Departamento de Ciências Exatas e Biológicas
  • Alexandre Romariz Duarte Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de Ciências Biológicas
  • Gilberto Oliveira Joaquim-Jr Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de Ciências Biológicas

Palavras-chave:

Floresta Atlântica, conservação da biodiversidade, ilhas costeiras, síndromes de dispersão, espécies invasoras, áreas protegidas

Resumo

Resumo Estudos sobre a vegetação de ilhas costeiras no sudeste do Brasil ainda são muito escassos, apesar de sua importância para a avaliação, manejo e conservação da biodiversidade insular. Nós apresentamos aqui uma lista da flora vascular da Ilha Queimada Grande (IQG; 24°29′10″ S, 46°40′30″ W, 57 ha, 33,2 km da costa), sudeste do Brasil, e descrevemos suas fitofisionomias. A ilha é recoberta principalmente por Floresta Atlântica (Floresta Ombrófila Densa), bem como por vegetação sobre afloramento rochoso e vegetação antrópica com fisionomias herbáceo-arbustivas. A IQG apresentou riqueza relativamente baixa (S = 125) comparada a de outras ilhas costeiras do Brasil. Espécies herbáceas (52) e trepadeiras (31) predominaram na IQG. As famílias mais ricas foram Fabaceae (11 espécies), Poaceae (9), Apocynaceae, Asteraceae e Orchidaceae (8 espécies cada). A maioria das espécies (S = 112) é autóctone de diferentes fitofisionomias do complexo da Floresta Atlântica do sudeste do Brasil. Muitas espécies associadas a áreas antropicamente alteradas (S = 26) são encontradas na IQG, incluindo a gramínea invasora Melinis minutiflora. Houve ligeira predominância de zoocoria (S = 50). Nós não identificamos espécies endêmicas para a IQG. Uma espécie (Cattleya intermedia, Orchidaceae) encontra-se vulnerável em nível nacional e estadual, e outra (Barrosoa apiculata, Asteraceae) está presumivelmente extinta no estado de São Paulo. A flora vascular da IQG originou-se no complexo da Floresta Atlântica continental, seguindo o padrão de outras ilhas costeiras do sudeste do Brasil. A flora e a vegetação da IQG refletem a combinação da condição insular, tamanho reduzido da ilha, restrição de habitat, topografia acidentada, solos incipientes e o uso pretérito da área com a introdução de várias espécies alóctones. Nós recomendamos o monitoramento permanente da vegetação da IQG e seu manejo, visando garantir a conservação da biota nativa local.

Publicado

01/01/2017

Como Citar

Kurtz, B. C., Souza, V. C., Magalhães, A. M., Paula-Souza, J. de, Duarte, A. R., & Joaquim-Jr, G. O. (2017). Flora vascular e vegetação da Ilha Queimada Grande, São Paulo, sudeste do Brasil. Biota Neotropica, 17(4). Recuperado de //www.biotaneotropica.org.br/BN/article/view/1465

Edição

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