Uso da zona de amortecimento de uma Unidade de Conservação de Cerrado por mamíferos

Autores

  • Roberta Montanheiro Paolino Universidade de São Paulo, Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
  • Natalia Fraguas Versiani Universidade de São Paulo, Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
  • Nielson Pasqualotto Universidade de São Paulo, Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
  • Thiago Ferreira Rodrigues Universidade de São Paulo, Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
  • Victor Gasperotto Krepschi Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Departamento de Ecologia
  • Adriano Garcia Chiarello Universidade de São Paulo, Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras

Palavras-chave:

Mamíferos de médio e grande porte, armadilha fotográfica, probabilidade de detecção, ocupação, Estação Ecológica de Jataí

Resumo

A perda e degradação de habitat têm ameaçado os mamíferos no mundo todo. Dessa forma, a criação de Unidades de Conservação (UC) faz-se cada vez mais fundamental para sua preservação. Entretanto, estratégias de manejo são necessárias para que as UCs cumpram plenamente seus objetivos, tal como o estabelecimento de uma zona de amortecimento ao seu redor, a qual aumenta a área de habitat protegido e visa servir como barreira a impactos negativos externos. Contudo, o uso das zonas de amortecimento por mamíferos terrestres permanece pouco estudado, particularmente no Neotrópico. Com o objetivo de analisar o uso de uma zona de amortecimento (5 km de extensão) por mamíferos de médio e grande porte, nós modelamos a probabilidade de ocupação de cinco espécies de interesse conservacionista, incluindo local (interior e zona de amortecimento) como uma covariável de sítio, controlando, simultaneamente, as imperfeições na detecção. Os dados foram coletados por meio de armadilhamento fotográfico de abril a setembro de 2013 em uma UC de Cerrado de 9000 ha e em 39721,41 ha do seu entorno. A área de estudo (Estação Ecológica de Jataí) está imersa em uma paisagem de matriz canavieira no nordeste do estado de São Paulo. Nós também realizamos um inventário a fim de comparar a riqueza e a composição de espécies no interior e na zona de amortecimento. Foi registrado um total de 31 espécies (26 nativas), incluindo aquelas amostradas apenas por identificação de vestígios, de vocalizações e por observação direta. As estimativas de ocupação para Myrmecophaga tridactyla, Leopardus pardalis e Pecari tajacu foram numericamente maiores no interior, enquanto Chrysocyon brachyurus obteve a maior estimativa de ocupação na zona de amortecimento. Já o maior predador, Puma concolor, utilizou ambas as áreas de forma semelhante. Entretanto, como houve sobreposição entre os intervalos de confiança (95%), as diferenças nas probabilidades de ocupação entre interior e zona de amortecimento foram fracas para as cinco espécies analisadas. Além disso, considerando apenas as espécies registradas por armadilhamento fotográfico, a riqueza observada e a estimada foram similares no interior e na zona de amortecimento da UC. Nossos dados demonstraram que a zona de amortecimento é de fato utilizada por várias espécies de mamíferos de médio e grande porte, incluindo aquelas prioritárias para a conservação. Portanto, a falta de cumprimento da legislação vigente em relação ès zonas de amortecimento é uma ameaça real para as espécies de mamíferos, mesmo quando a proteção é garantida no interior das UCs.

Publicado

06/01/2016

Como Citar

Paolino, R. M., Versiani, N. F., Pasqualotto, N., Rodrigues, T. F., Krepschi, V. G., & Chiarello, A. G. (2016). Uso da zona de amortecimento de uma Unidade de Conservação de Cerrado por mamíferos. Biota Neotropica, 16(2). Recuperado de //www.biotaneotropica.org.br/BN/article/view/1383

Edição

Seção

Artigos
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