Pontes de corda como passagens para animais silvestres em paisagens urbanas fragmentadas

Autores

  • Fernanda Zimmermann Teixeira Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-graduação em Ecologia
  • Rodrigo Cambará Printes Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Laboratório de Gestão Ambiental e Negociação de Conflitos
  • João Cláudio Godoy Fagundes Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Núcleo de Extensão Macacos Urbanos
  • André Chein Alonso Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Núcleo de Extensão Macacos Urbanos
  • Andreas Kindel Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-graduação em Ecologia

Palavras-chave:

rodovias, redes elétricas, primatas, mitigação, passagens de fauna, pontes de corda

Resumo

Os efeitos do desmatamento e da fragmentação de hábitats são exacerbados por elementos como rodovias e redes elétricas, que podem atuar como filtros ou barreiras aos movimentos da vida silvestre. Com o objetivo de mitigar a mortalidade e restaurar a conectividade, passagens de fauna têm sido construídas como corredores lineares. A instalação dessas estruturas deve ser seguida de monitoramento sistemático, visando à avaliação de seu uso e efetividade e a geração de informações para seu manejo e para convencer os tomadores de decisão sobre seu valor. Neste artigo, apresentamos os resultados do monitoramento do uso de seis pontes de corda, realizado durante 15 meses, entre agosto de 2008 e outubro de 2009, nas imediações da Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger, em Porto Alegre, Brasil. As pontes de dossel foram instaladas pelo Núcleo de Extensão Macacos Urbanos em locais com registros de atropelamentos e choques elétricos de bugios-ruivos (Alouatta guariba clamitans Cabrera, 1940). Instalamos armadilhas fotográficas em cada ponte e selecionamos moradores locais para registrarem seu uso. Três espécies foram registradas usando as pontes de corda: o bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans Cabrera, 1940), o gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris Lund, 1840) e o ouriço-cacheiro (Sphiggurus villosus Cuvier, 1823). As pontes de corda mais usadas por maior número de espécies são aquelas situadas nas áreas de maior cobertura florestal e menor área urbanizada, em relação às pontes menos usadas pelas espécies. Nossos resultados indicam que as pontes de corda funcionam como um corredor linear entre os remanescentes florestais, embora não tenhamos avaliado os efeitos das pontes sobre a sobrevivência dos indivíduos, persistência e demografia dos grupos e fluxo gênico na população. Além disso, as pontes podem ser usadas para mitigar o impacto de redes elétricas e rodovias sobre a mortalidade, mas os cabos elétricos também devem ser completamente isolados quando presentes.

Publicado

03/01/2013

Como Citar

Teixeira, F. Z., Printes, R. C., Fagundes, J. C. G., Alonso, A. C., & Kindel, A. (2013). Pontes de corda como passagens para animais silvestres em paisagens urbanas fragmentadas. Biota Neotropica, 13(1). Recuperado de //www.biotaneotropica.org.br/BN/article/view/1060

Edição

Seção

Artigos
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