Acessibilidade / Reportar erro

Checklist dos Trichoptera (Insecta) do Estado de São Paulo, Brasil

Checklist of Trichoptera (Insecta) from São Paulo State, Brazil

Resumos

Os Trichoptera compreendem a maior ordem de insetos estritamente aquáticos e constituem a maior proporção da comunidade dos macroinvertebrados bentônicos. Há 13.000 espécies descritas no mundo, cerca de 2.500 espécies na Região Neotropical e 479 ocorrentes no Brasil. A fauna brasileira de Trichoptera inclui membros de 16 famílias (Anomalopsychidae, Atriplectididae, Calamoceratidae, Ecnomidae, Glossosomatidae, Helicopsychidae, Hydrobiosidae, Hydropsychidae, Hydroptilidae, Leptoceridae, Limnephilidae, Odontoceridae, Philopotamidae, Polycentropodidae, Sericostomatidae e Xiphocentronidae). No Estado de São Paulo, há 126 espécies catalogadas em 15 famílias, sem registros apenas para Limnephilidae.

Trichoptera; biodiversidade do Estado de São Paulo; BIOTA/FAPESP Program


Trichoptera are the major order among the aquatic insects and constitute a large proportion of benthic macroinvertebrate community. There are about 13,000 described species of caddisflies in the world, 2,500 in Neotropics and 479 species records to Brazil. The Brazilian caddisflies fauna included members of 16 families (Anomalopsychidae, Atriplectididae, Calamoceratidae, Ecnomidae, Glossosomatidae, Helicopsychidae, Hydrobiosidae, Hydropsychidae, Hydroptilidae, Leptoceridae, Limnephilidae, Odontoceridae, Philopotamidae, Polycentropodidae, Sericostomatidae and Xiphocentronidae). In São Paulo State, there are 126 registered species in 15 families, without records only to Limnephilidae.

Trichoptera; biodiversity of the State of São Paulo; BIOTA/FAPESP Program


INVENTÁRIOS

Checklist dos Trichoptera (Insecta) do Estado de São Paulo, Brasil

Checklist of Trichoptera (Insecta) from São Paulo State, Brazil

Adolfo Ricardo Calor* * Autor para correspondência: Adolfo Ricardo Calor, e-mail: acalor@gmail.com

Laboratório de Entomologia Aquática, Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia - UFBA, Campus Universitário de Ondina, Rua Barão de Geremoabo, s/n, Ondina, CEP 40170-115, Salvador, BA, Brasil

RESUMO

Os Trichoptera compreendem a maior ordem de insetos estritamente aquáticos e constituem a maior proporção da comunidade dos macroinvertebrados bentônicos. Há 13.000 espécies descritas no mundo, cerca de 2.500 espécies na Região Neotropical e 479 ocorrentes no Brasil. A fauna brasileira de Trichoptera inclui membros de 16 famílias (Anomalopsychidae, Atriplectididae, Calamoceratidae, Ecnomidae, Glossosomatidae, Helicopsychidae, Hydrobiosidae, Hydropsychidae, Hydroptilidae, Leptoceridae, Limnephilidae, Odontoceridae, Philopotamidae, Polycentropodidae, Sericostomatidae e Xiphocentronidae). No Estado de São Paulo, há 126 espécies catalogadas em 15 famílias, sem registros apenas para Limnephilidae.

Número de espécies: no mundo: 14.254 (Morse 2010), no Brasil: 479, estimadas no Estado de São Paulo: 300.

Palavras-chave: Trichoptera, biodiversidade do Estado de São Paulo, Programa BIOTA/FAPESP.

ABSTRACT

Trichoptera are the major order among the aquatic insects and constitute a large proportion of benthic macroinvertebrate community. There are about 13,000 described species of caddisflies in the world, 2,500 in Neotropics and 479 species records to Brazil. The Brazilian caddisflies fauna included members of 16 families (Anomalopsychidae, Atriplectididae, Calamoceratidae, Ecnomidae, Glossosomatidae, Helicopsychidae, Hydrobiosidae, Hydropsychidae, Hydroptilidae, Leptoceridae, Limnephilidae, Odontoceridae, Philopotamidae, Polycentropodidae, Sericostomatidae and Xiphocentronidae). In São Paulo State, there are 126 registered species in 15 families, without records only to Limnephilidae.

Number of species: in the world: 14,254 (Morse 2010), in Brazil: 479, estimated in São Paulo State: 300.

Keywords: Trichoptera, biodiversity of the State of São Paulo, BIOTA/FAPESP Program.

Introdução

Trichoptera Kirby 1813 compreendem a maior ordem de insetos estritamente aquáticos (Neboiss 1991) e constituem a maior proporção da comunidade dos macroinvertebrados bentônicos, com uma fauna mundial em torno de 13.000 espécies descritas para os ecossistemas dulcícolas (Holzenthal et al. 2007a, 2007b), além de algumas espécies marinhas da família Chathamiidae, encontradas na Nova Zelândia e Austrália (Neboiss 1991).

Na filogenia de Insecta, o posicionamento de Trichoptera tem alta estabilidade como grupo-irmão de Lepidoptera, desde os trabalhos de Tillyard (1935) e Ross (1967), passando por análises filogenéticas como Hennig(1969, 1981), Kristensen (1991), Wheeler et al. (2001) e Kjer (2004), entre tantos outros (para revisão veja Morse 1997). O clado Amphiesmenoptera (Trichoptera + Lepidoptera) tem mais de 20 sinapomorfias (21 com dados morfológicos apenas em Kristensen 1984) e a adição de novos dados vem aumentando a lista de homologias. Um caráter bastante notável na cladogênese de Amphiesmenoptera é a permeabilidade da parede da casa da pupa. A parede semipermeável é uma sinapomorfia de Trichoptera, que, provavelmente, capacitou os ancestrais da ordem a invadirem o ambiente aquático, fazendo desta a primeira, entre os Holometabola, a apresentar estágio pupal aquático.

Em relação aos sistemas classificatórios, os tricópteros são tradicionalmente organizados em quatro subordens: Protomeropina (=Permotrichoptera, segundo Eskov & Sukatcheva 1997), Annulipalpia, Spicipalpia e Integripalpia. Protomeropina é composta de táxons fósseis (Permiano) e de posicionamento bastante controverso, sendo, algumas vezes, considerados representantes de Amphiesmenoptera stem group outras de grupos mais distantes filogeneticamente (Morse 1997). Apesar de controvérsias tanto na composição das subordens, quanto na relação filogenética entre elas, pode-se verificar a estabilidade do clado Integripalpia quanto a sua composição, o que não acontece com Annulipalpia (Calor 2009). No caso de Spicipalpia, as dúvidas estão tanto na monofilia do grupo, quanto no posicionamento de seus membros na filogenia de Trichoptera, de maneira que o status de infraordem (sensu Weaver III 1984) ou subordem (sensu Wiggins & Wichard 1989) torna-se completamente duvidoso. Assim, entre as três subordens recentes de Trichoptera, apenas Integripalpia (sustentado em Weaver III 1984, Wiggins & Wichard 1989, Frania & Wiggins 1997, Ivanov 1997, Kjer et al. 2001, 2002, Holzenthal et al. 2007a) e Annulipalpia são grupos monofiléticos e, portanto, devem ser considerados táxons válidos (Calor 2009).

Para a região Neotropical, foram descritas 2.196 espécies de tricópteros (Flint et al. 1999), sendo que apenas 479 com ocorrência registrada para o Brasil. Estima-se que haja pelo menos mais de 300 novas espécies a serem descritas, depositadas em museus no Brasil e, principalmente, no exterior. A previsão está baseada no material depositado nas coleções, além da simples comparação com outras áreas da região Neotropical (e.g., Costa Rica apresenta 463 espécies descritas com área de apenas aproximadamente 51000 Km2).

Atualmente, as 479 espécies conhecidas para o Brasil representam 16 famílias (Anomalopsychidae, Atriplectididae, Calamoceratidae, Ecnomidae, Glossosomatidae, Helicopsychidae, Hydrobiosidae, Hydropsychidae, Hydroptilidae, Leptoceridae, Limnephilidae, Odontoceridae, Philopotamidae, Polycentropodidae, Sericostomatidae e Xiphocentronidae), sendo que apenas uma delas (Limnephilidae) não apresenta registro para o Estado de São Paulo. A identificação dos táxons que ocorrem no país pode ser feita com auxílio das chaves de Angrisano & Korob (2001) para América do Sul (larvas e adultos), Pes et al. (2005) para a região Amazônica (larvas), além de Calor (2007) e Froehlich et al. (no prelo) para as famílias ocorrentes no Brasil (larvas e adultos).

Metodologia

Esta checklist faz referência à literatura primária (artigos de descrição), fontes secundárias (checklists e artigos de distribuição geográfica) e aos dados originais oriundos das coletas do Projeto Temático BIOTA-FAPESP proc. 03/10517-9, sob coordenação do Dr. Claudio G. Froehlich (FFCLRP/USP) e da análise de material depositado em museus (especialmente no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, Museu de Zoologia da Universidade Federal da Bahia e no Insect Museum of University of Minnesota).

Os casos de imprecisão quanto à localidade de coleta, em especial registros antigos com referência apenas ao país, não foram contabilizados para a somatória dos registros no Estado de São Paulo.

Trabalhos de cunho ecológico e/ou com identificação apenas até nível genérico (e.g., Pes et al. 2005, Spies & Froehlich 2009) não foram considerados, visto que aqui é pretendido o conhecimento das espécies ocorrentes no Estado de São Paulo. O mesmo se aplica às possíveis espécies novas apenas citadas em teses, dissertações ou monografias.

Buscando compreender o conhecimento da tricopterofauna do Estado de São Paulo em relação ao existente para as demais unidades da federação, além do catálogo de Flint et al. (1999) e da checklist de Paprocki et al. (2004), também foram analisadas listas de distribuição publicadas (Dumas et al. 2009, 2010) ou apresentadas em congressos (Moretto et al. 2008). Artigos referenciados nestas publicações não foram relacionados nas referências bibliográficas deste texto.

Os tipos e os materiais determinados ou identificados encontram-se depositados nas seguintes instituições ou acervos:

• AMNH - American Museum of Natural History, New York, New York, EUA.

• BMNH - The Natural History Museum, London, Inglaterra.

• CAS - California Academy of Sciences, San Francisco, ­California, EUA.

• CMP - Carnegie Museum, Pittsburgh, Pennsylvania, EUA.

• CNC - Canadian National Collection (Agriculture), Ottawa, Ontario, Canadá.

• CUI - Cornell University, Ithaca, New York, EUA.

• DEI - Deutsches Entomologisches Institut, Eberswalde, ­Alemanha.

• DZRJ - Coleção Entomológica Professor José Alfredo Pinheiro Dutra, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

• DZUP - Coleção Pe. Jesus Santiago Moure, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil.

• IBUNAM - Instituto de Biología, Universidad Nacional ­Autonoma de México, Ciudad de México, México.

• IML - Instituto Miguel Lillo, Tucuman, Argentina.

• INHS - Illinois Natural History Survey, Urbana, Illinois, EUA.

• IRSNB - Institut Royal des Sciences Naturelles de Belgique, Brussels, Bélgica.

• IZAM - Instituto de Zoología Agrícola, Maracay, Venezuela.

• LACM - Los Angeles County Museum of Natural History, Los Angeles, California, EUA.

• MACN - Museo Argentino de Ciencias Naturales "Bernardino Rivadavia", Buenos Aires, Argentina.

• MCZ - Museum of Comparative Zoology, Harvard University, Cambridge, Massachusetts, EUA.

• MJP - Museo de Historia Natural "Javier Prado", Universidad Nacional de La Plata, La Plata, Argentina.

• MNHNP - Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris, França.

• MNRJ - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

• MZBS - Museo de Zoologia, Barcelona, Espanha.

• MZUSP - Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

• NMNH - National Museum of Natural History, Washington, DC, EUA.

• NMW - Naturhistorisches Museum Wien, Vienna, Áustria.

• PAN - Polish Academy of Sciences, Warsaw, Polônia.

• UFBA - Museu de Zoologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil.

• UMSP - University of Minnesota Insect Collection, Saint Paul, Minnesota, EUA.

• ZIUH - Zoologisches Institut, Universität Hamburg, Alemanha.

• ZSM - Zoologische Staatssamlung, München, Alemanha.

Resultados e Discussão

Ao início do Programa BIOTA-FAPESP, Froehlich (1999) listou 45 espécies conhecidas para o Estado de São Paulo. Paprocki et al. (2004) registraram 69 espécies com ocorrência no estado. Atualmente, há 126 registros de espécies para o Estado de São Paulo (Tabela 1), o que representa um aumento de aproximadamente 80%. Este crescimento deve-se em parte aos projetos incluídos no Programa BIOTA-FAPESP (Processos 1998/05073-4 e 2003/10517-9), sob coordenação do Dr. Claudio G. Froehlich (FFCLRP/USP) e também ao projeto de levantamento da fauna de Trichoptera do sudeste brasileiro (National Science Foundation DEB 9971885), sob coordenação do Dr. Ralph W. Holzenthal (University of Minnesota, USA).

1. Comentários sobre a lista, riqueza do estado comparada com outras regiões

Como mencionado por Froehlich (no prelo), assim como o esperado para outras ordens de insetos aquáticos (excetuando-se os de interesse médico), o conhecimento taxonômico sobre os Trichoptera ainda é incipiente no Brasil. Entretanto, nos últimos anos há avanços significativos, principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Amazonas, onde estão concentrados os principais grupos de pesquisa.

Paprocki et al. (2004) registraram 378 espécies com ocorrência em território nacional, havendo 69 registros para o Estado de São Paulo. No presente trabalho, os registros de espécies são contabilizados em 479 e 126 para o Brasil e São Paulo, respectivamente. Assim, em apenas seis anos, ocorreu um incremento de praticamente 80% dos registros de espécies no Estado de São Paulo e um aumento significativamente inferior (aproximadamente 25%) quando considerado o território nacional como um todo. Outras unidades da federação que tiveram aumento significativo no mesmo período foram os estados do Amazonas (31%), Minas Gerais (49,5%) e Rio de Janeiro (66,5%), com 143, 151 e 130 registros atuais, respectivamente.

Como pode ser visto na Tabela 2, apesar do avanço considerável nos últimos anos, o conhecimento da tricopterofauna está concentrado nos estados que sediam grupos de pesquisa e o acréscimo foi bem mais tímido nas demais unidades da federação. Com relação à região Nordeste do Brasil, por exemplo, há apenas dez registros de espécies de tricópteros (Paprocki et al. 2004), porém, com o desenvolvimento do projeto "Estudo taxonômico de Trichoptera Kirby, 1813: com ênfase na fauna da região Nordeste do Brasil" (CNPq) nos últimos dois anos, este valor se aproxima de uma centena (dados não incluídos na tabela).

2. Principais avanços relacionados ao Programa BIOTA/FAPESP

Como comentado anteriormente, foram registradas126 espécies (69 sensu Paprocki et al. 2004) para o Estado de São Paulo, o que representa um aumento de aproximadamente 80% em seis anos, o maior entre todas as unidades da federação no mesmo período. Além dos trabalhos de taxonomia dos tricópteros (Calor & Froehlich 2008), outros inferindo a filogenia destes insetos (Calor et al. 2006, Calor & Holzenthal 2008, Calor 2009) também foram desenvolvidos no âmbito do programa.

Estudos de cunho ecológico realizados pela equipe dos projetos ligados ao Programa BIOTA-FAPESP, que incluíram os Trichoptera, representaram praticamente o início do desenvolvimento desta área de pesquisa no estado. Ainda dentro do referido programa, foi iniciada uma parceria com a Rede de Monitoramento de Qualidade das Águas Interiores da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), com objetivo de implementar novos índices biológicos e integrar as informações sobre sedimento, testes de toxicidade e comunidades bentônicas no sistema de monitoramento da qualidade dos sistemas aquáticos do Estado de São Paulo.

3. Principais grupos de pesquisa no país

• Laboratório de Biologia Aquática, UNESP, campus de Assis, coordenado pelo Prof. Dr. Pitágoras da Conceição Bispo.

• Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, coordenado pela Profa. Dra. Neusa Hamada e colaboração da Dra. Ana Maria de Oliveira Pes.

• Laboratório de Ecologia de Insetos, Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás, coordenado pelo Prof. Dr. Adriano Sanches Melo.

• Laboratório de Entomologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenado pelo Prof. Dr. Jorge Luiz Nessimian.

• Laboratório de Entomologia Aquática, Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, coordenado pelo Prof. Dr. Claudio Gilberto Froehlich.

• Laboratório de Entomologia Aquática, Departamento de Hidrobiologia, Universidade Federal de São Carlos, coordenado pela Profa. Dra. Suzana Trivinho Strixino e Profa. Dra. Alaide Aparecida Fonseca Gessner.

• Laboratório de Entomologia Aquática, Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia, coordenado pelo Prof. Dr. Adolfo Ricardo Calor.

• Laboratório de Invertebrados, Museu de História Natural, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, coordenado pelo Prof. Dr. Henrique Paprocki.

• Laboratório de Limnologia, Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás, coordenado pelo Prof. Dr. Leandro Gonçalves de Oliveira.

4. Principais acervos

Os acervos brasileiros com o maior número de espécimes de Trichoptera são: 1) Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), onde está depositado o material colecionado dos projetos BIOTA/FAPESP; 2) Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ); 3) Museu de Zoologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA); 4) Acervo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); 5) Coleção Pe. Jesus Santiago Moure, Universidade Federal do Paraná (DZUP); e 6) Coleção Entomológica Professor José Alfredo Pinheiro Dutra, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (DZRJ). Além destes, material em estudo encontra-se no Laboratório de Entomologia Aquática, Departamento de Biologia, FFCLRP/USP; no Laboratório de Entomologia Aquática, UFBA e no Laboratório de Biologia Aquática, UNESP, campus de Assis, onde também há uma coleção de referência. No exterior, destacam-se os acervos do National Museum of Natural History, Washington, DC, USA (NMNH) e University of Minnesota Insect Collection, Saint Paul, Minnesota, USA (UMSP).

5. Principais lacunas do conhecimento

Ainda há grandes áreas do Estado de São Paulo pouco exploradas e outras com estudos incipientes quanto à entomofauna aquática. No caso dos Trichoptera, entre as espécies descritas, o conhecimento dos imaturos é quase insignificante, de maneira que apenas cerca de 2% das espécies descritas apresentam larvas associadas. Assim, além do esforço para o conhecimento dos adultos de Trichoptera, devem ser estimulados estudos de associação de larvas aos adultos com consequente descrição dos imaturos.

6. Perspectivas de pesquisa para os próximos 10 anos

Nos últimos dez anos, o número de pesquisadores que trabalham com Trichoptera aumentou consideravelmente no Brasil, o que foi acompanhado pela ampliação do número de publicações tanto em taxonomia, quanto em ecologia deste grupo de insetos. Assim, espera-se que, passada mais uma década, o conhecimento da tricopterofauna seja suficiente para implantação de programas de conservação dos recursos hídricos do Estado de São Paulo. Ainda podemos antever o aumento dos estudos filogenéticos com dados morfológicos e moleculares, com resultante busca pela compreensão dos padrões biogeográficos.

Recebido em 09/09/2010

Versão reformulada recebida em 14/10/2010

Publicado em 15/12/2010

Clique para ampliar

Clique para ampliar

  • ANGRISANO, E.B. & KOROB, P.G. 2001. Trichoptera. In Guía para la determinación de los artrópodos bentónicos sudamericanos (H.R. Fernández & E. Domínguez, eds.). Editorial Universitaria de Tucumán, Tucumán, 282p.
  • CALOR, A.R. 2007. Trichoptera. In Guia on-line: identificação de larvas de insetos aquáticos do Estado de São Paulo. (C.G. Froehlich, org.). Disponível em http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/guiaonline (último acesso em 18/02/2011).
  • CALOR, A.R. 2009. Considerações acerca da filogenia de Trichoptera Kirby 1813: da análise dos dados para as hipóteses ou dos cenários para os dados. EntomoBrasilis 2:1-10.
  • CALOR, A.R., AMORIM, D.S. & HOLZENTHAL, R.W. 2006. Phylogenetics Analysis of Notalina (Neonotalina), with descriptions of two new species. Zootaxa 1131:33-48.
  • CALOR, A.R. & FROEHLICH, C.G. 2008. Description of immature stages of Notalina morsei Holzenthal, 1986 (Trichoptera: Leptoceridae) and an updated key to Brazilian Leptoceridae genera. Zootaxa 1779:45-54.
  • CALOR, A.R. & HOLZENTHAL, R.W. 2008. Phylogeny of Grumichellini Morse, 1981 (Trichoptera: Leptoceridae) with the description of a new genus from southeastern Peru. Aquat. Insect. 30:245-259. http://dx.doi.org/10.1080/01650420802334087
  • DUMAS, L.L., JARDIM, G.A., SANTOS, A.P.M. & NESSIMIAN, J.L. 2009. Tricópteros (Insecta: Trichoptera) do Estado do Rio de Janeiro: lista de espécies e novos registros. Arq. Mus. Nac., Rio de Janeiro 67:355-376.
  • DUMAS, L.L., SANTOS, A.P.M., JARDIM, G.A., FERREIRA-JUNIOR, N. & NESSIMIAN, J.L. 2010. Insecta, Trichoptera: new records from Brazil and other distributional notes. Check List 6:7-9.
  • ESKOV, K.Y. & SUKATCHEVA, I.D. 1997. Geographical distribution of the Paleozoic and Mesozoic caddisflies (Insecta: Trichoptera). In Proceedings of the 8th International Symposium on Trichoptera. (R.W. Holzenthal & O.S. Flint JUNIOR, eds.). Ohio Biological Survey, Columbus, Ohio, USA, p.95-98.
  • FLINT JUNIOR, O.S., HOLZENTHAL, R.W. & HARRIS, S.C. 1999. Catalog of the Neotropical Caddisflies (Insecta: Trichoptera). Ohio Biological Survey, Columbus, 239p.
  • FRANIA, H.E. & WIGGINS, G.B. 1997. Analysis of morphological and behavioural evidence for the phylogeny and higher classification of Trichoptera (Insecta). Life Sciences Contribution, Royal Ontario Museum 160:1-67.
  • FROEHLICH, C.G. 1999. Outros insetos. In Biodiversidade do Estado de São Paulo: síntese do conhecimento ao final do século XX. Invertebrados de Água Doce. (C.A. Joly & C.E.M. Bicudo, orgs.). FAPESP, São Paulo, v.4, cap.24, p.163-168.
  • FROEHLICH, C.G. (no prelo). Checklist dos Plecoptera do Estado de São Paulo. Biota Neotrop.
  • FROEHLICH, C.G., MARIANO, R.L.S., LECCI, L.S & CALOR, A.R. (dados não publicados). Chave para adultos e estágios imaturos de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera do Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica.
  • HENNIG, W. 1969. Die Stammesgeschichte der Insekten. Seckenberg-Büch 49:1-436.
  • HENNIG, W. 1981. Insect phylogeny (traduzido para o inglês por A.C. Pont & D. Schlee). Wiley, New York, 439p.
  • HOLZENTHAL, R.W, BLAHNIK, R.J, KJER, K.M. & PRATHER, A.P. 2007a. An update on the phylogeny of caddisflies (Trichoptera). In Proceedings of the XIIth International Symposium on Trichoptera (J. Bueno-Soria, R. Barba-Alvarez & B. Armitage, eds.). The Caddis Press, Columbus, Ohio, p.13-153.
  • HOLZENTHAL, R.W, BLAHNIK, R.J, PRATHER, A.P & KJER, K.M. 2007b. Order Trichoptera Kirby, 1813 (Insecta), Caddisflies. Zootaxa 1668:639-698.
  • IVANOV, V.D. 1997. Rhyacophiloidea: a paraphyletic taxon. In Proceedings of the 8th International Symposium on Trichoptera ( R.W. Hozenthal & O.S. Flint JUNIOR, eds.). Ohio Biological Survey, Columbus, Ohio, USA, 496p.
  • KJER, K.M. 2004. Aligned 18S and insect phylogeny. Syst. Biol. 53:506-514.
  • KJER, K.M., BLAHNIK, R.J. & HOLZENTHAL, R.W. 2001. Phylogeny of Trichoptera (Caddisflies): characterization of signal and noise within multiple datasets. Syst. Biol. 50(6):781-816. http://dx.doi.org/10.1080/106351501753462812
  • KJER, K.M., BLAHNIK, R.J. & HOLZENTHAL, R.W. 2002. Phylogeny of caddisflies (Insecta, Trichoptera). Zool. Scr. 31:83-91.
  • KRISTENSEN, N.P. 1984. Studies on the morphology and systematics of primitive Lepidoptera (Insecta). Steenstrupia 10:141-191.
  • KRISTENSEN, N.P. 1991. Phylogeny of extant hexapods. In The Insects of Australia. Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization, ed. Cornell University Press, Ithaca, 125-140.
  • MORETTO, R.A., CALOR, A.R. & FROEHLICH, C.G. 2008. Levantamento de Trichoptera Kirby, 1813 do Parque Nacional Serra do Divisor, Acre: 1. Hydropsychidae. In Livro de resumos do XXII Congresso Brasileiro de Entomologia, Uberlândia, Minas Gerais.
  • MORSE, J.C. 1997. Phylogeny of Trichoptera. Annu. Rev. Entomol. 42:427-50.
  • MORSE, J.C. 2010. Trichoptera world checklist. Disponível em: http://entweb.clemson.edu/database/trichopt/index.htm (último acesso em 16/08/2010).
  • NEBOISS, A. 1991. Trichoptera. In The insects of Australia: a textbook for students and researchs workers. 2nd ed. (I.D. Nauman, P.B. Carne, J.F. Laurence, E.S. Nielsen & J.P. Spradbury, eds.). Cornell Univ. Press, Ithaca, NY, v.2, p.787-816.
  • PAPROCKI, H., HOLZENTHAL, R.W. & BLAHNIK, R.J. 2004. Checklist of the Trichoptera (Insecta) of Brazil I. Biota Neotrop.: http://www.biotaneotropica.org.br/v4n1/pt/fullpaper?bn01204012004+en (último acesso em 18/02/2011).
  • PES, A.M.O., HAMADA, N. & NESSIMIAN, J.L. 2005. Chave de identificação de larvas para famílias e gêneros de Trichoptera (Insecta) da Amazônia Central, Brasil. Rev. Bras. Entomol. 49:181-204.
  • QUINTEIRO, F.B., CALOR, A.R. & FROEHLICH, C.G. 2011. A new species of Phylloicus Müller 1880 (Trichoptera: Calamoceratidae) from Southeastern Brazil, including description of larval and pupal stages. Zootaxa 2748: 38-46.
  • ROSS, H.H. 1967. The evolution and the past dispersal of the Trichoptera. Annu. Rev. Entomol. 12:169-206.
  • SPIES, M.R. & FROEHLICH, C.G. 2009. Inventory of caddisflies (Trichoptera: Insecta) of the Campos do Jordão State Park, São Paulo state, Brazil. Biota Neotrop.: http://www.biotaneotropica.org.br/v9n4/pt/fullpaper?bn03509042009+en (último acesso em 18/02/2011).
  • TILLYARD, R.J. 1935. The evolution of the scorpion-flies and their derivatives (Order Mecoptera). Ann. Entomol. Soc. Am. 28:1-45.
  • WEAVER III, J.S. 1984. The evolution and classification of Trichoptera, Part I: the Groundplan of Trichoptera. In Proceedings of the 4th International Symposium on Trichoptera (J.C. Morse, ed.). Junk, Series Entomologica, p.413-419.
  • WHEELER, W.C., WHITING, M.F., WHEELER, Q.D. & CARPENTER, J.M. 2001. The phylogeny of extant insect orders. Cladistics 17:113-169.
  • WIGGINS, G.B. & WICHARD, W. 1989. Phylogeny of pupation in Trichoptera, with proposals on the origin and higher classification of the order. J. N. Am. Benthol. Soc. 8:260-276.
  • *
    Autor para correspondência: Adolfo Ricardo Calor, e-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Out 2012
    • Data do Fascículo
      Dez 2011

    Histórico

    • Aceito
      15 Dez 2010
    • Recebido
      09 Set 2010
    Instituto Virtual da Biodiversidade | BIOTA - FAPESP Departamento de Biologia Vegetal - Instituto de Biologia, UNICAMP CP 6109, 13083-970 - Campinas/SP, Tel.: (+55 19) 3521-6166, Fax: (+55 19) 3521-6168 - Campinas - SP - Brazil
    E-mail: contato@biotaneotropica.org.br