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A terceira margem do rio a experiência de traduzir textos científicos sobre biodiversidade como material de educação ambiental de vocação biodiversa

Resumo

A quem dirijo o que pesquiso e quem lê o que eu escrevo? Imaginemos por um momento as águas calmas e verde-azuladas de um remanso no rio que, inspirado no conto de João Guimarães Rosa, nos acompanhará aqui como uma boa imagem. Podemos imaginar agora uma pedra, não muito grande e arredondada, atirada de longe por alguém no meio de suas águas calmas. Que esta seja uma metáfora proveitosa a um convite a pensar as dimensões de algumas possíveis respostas à dupla pergunta: "a quem dirijo o que pesquiso e quem lê o que eu escrevo?". Entre a solidão da pedra em seu vôo antes de cair nas águas, e as ondas concêntricas que ela criará ao mergulhar até o fundo do rio, podemos desenhar uma seqüência de círculos de interlocutores de documentos de original vocação científica. Este exercício, pouco proveitoso em outras situações, será oportuno aqui, pois ele ajuda a estabelecer uma compreensão um tanto mais ordenada a respeito da questão das dimensões da acolhida de leitura e de intenções de proveito de trabalhos resultantes da investigações do Programa BIOTA/FAPESP, realizadas ou ainda em processo. Serve também a qualificar critérios para as múltiplas alternativas de uma possível interação entre elas e a educação ambiental . Inseridos como educadores em um cenário de operações realizadas com absoluta predominância dentro ou através da universidade, nós nos imaginamos como uma espécie de ponte, de cobertura de intervalos entre a produção científica especializada - tal como a que configura os projetos específicos do BIOTA e os seus diferentes interlocutores/usuários envolvidos, dentro e fora da academia, com algum tipo de trabalho associado aos fundamentos do Programa, e considerados como diferentes tipos de educadores ambientais. De um ponto de vista bastante ampliado, nós os reconhecemos como educadores identificados em uma destas categorias: profissionais (professores universitários e/ou de outros níveis de ensino da rede pública ou particular); alternativos (os diversos tipos de integrantes de ONGs ambientalistas ou participantes outras agências, públicas ou civis, devotadas a atividades locais sistemáticas de cunho ambiental); em formação (como os futuros integrantes de nossos cursos). Queremos considerar este conjunto de trabalho científico, pedagógico e ambientalista, realizado em vários planos e direções, como um sistema integrado de educação ambiental. Em seu interior e ao longo de sua trajetória, as atividades de pesquisa científica deságuam em uma vocação organicamente pedagógica, da mesma maneira como as iniciativas propriamente pedagógicas deverão se constituir como momentos privilegiados de construção de conhecimentos, logo, de alguma estilo reconhecido de investigação científica nos intervalos de conexão entre as ciências naturais - como as que configuram a quase totalidade dos projetos do Programa - e as da pessoa humana, da sociedade e da cultura, como as que pretendemos fazer interagirem em, através de e como diferentes momentos da educação ambiental aqui proposta. Saber como fazer isto, e como tornar nossa proposta um modelo multiplicável de interação entre a pesquisa, a docência, a intervenção comunitária e a elaboração proveitosa de material didático a partir da produção científica direta, haverá de ser o nosso primeiro aprendizado.

biodiversidade; educação ambiental; divulgação científica; pontes de conhecimento


PONTO DE VISTA

A terceira margem do rio a experiência de traduzir textos científicos sobre biodiversidade como material de educação ambiental de vocação biodiversa

Carlos Rodrigues BrandãoI, * * Escrito a várias mãos, este texto é ainda um esboço, um roteiro de futuros diálogos e aprofundamentos em um tema ainda relativamente novo para todos nós. Queremos registrar aqui a presença e a colaboração de professores e estudantes de graduação e de pós-graduação da ESALQ/USP, da UFSCar e do Centro Universitário Moura Lacerda, de Ribeirão Preto: (Marcos Sorrentino, Maria de Lourdes Spazziani, Eliana A. Dancini, Maria Castellano, Maria Alice Ferreira, Rita Helena Troppmair de Almeida Moura, Flávia Maria Rossi, Antônio Vitor Rosa, Fábio Deboni da Silva, Isis Akemi Morimoto, Sandra Lestinge, Maria Cláudia Nogueira, Vital Pascarelli Jr., Ana Paula Coati, Cláudia Coelho, Guaraci Diniz Jr., Jorge da Silva, Valéria Freixêdas, Ondalva Serrano, Raquel Pasinato) ; Haydée Torres de OliveiraII

IProfessor titular-visitante do Laboratório de Educação e Política Ambiental, do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ e professor aposentado da UNICAMP

IIProfessora do Departamento de Hidrobiologia da Universidade Federal de São Carlos (haydee@power.ufscar.br)

RESUMO

A quem dirijo o que pesquiso e quem lê o que eu escrevo? Imaginemos por um momento as águas calmas e verde-azuladas de um remanso no rio que, inspirado no conto de João Guimarães Rosa, nos acompanhará aqui como uma boa imagem. Podemos imaginar agora uma pedra, não muito grande e arredondada, atirada de longe por alguém no meio de suas águas calmas. Que esta seja uma metáfora proveitosa a um convite a pensar as dimensões de algumas possíveis respostas à dupla pergunta: "a quem dirijo o que pesquiso e quem lê o que eu escrevo?". Entre a solidão da pedra em seu vôo antes de cair nas águas, e as ondas concêntricas que ela criará ao mergulhar até o fundo do rio, podemos desenhar uma seqüência de círculos de interlocutores de documentos de original vocação científica. Este exercício, pouco proveitoso em outras situações, será oportuno aqui, pois ele ajuda a estabelecer uma compreensão um tanto mais ordenada a respeito da questão das dimensões da acolhida de leitura e de intenções de proveito de trabalhos resultantes da investigações do Programa BIOTA/FAPESP, realizadas ou ainda em processo. Serve também a qualificar critérios para as múltiplas alternativas de uma possível interação entre elas e a educação ambiental . Inseridos como educadores em um cenário de operações realizadas com absoluta predominância dentro ou através da universidade, nós nos imaginamos como uma espécie de ponte, de cobertura de intervalos entre a produção científica especializada - tal como a que configura os projetos específicos do BIOTA e os seus diferentes interlocutores/usuários envolvidos, dentro e fora da academia, com algum tipo de trabalho associado aos fundamentos do Programa, e considerados como diferentes tipos de educadores ambientais. De um ponto de vista bastante ampliado, nós os reconhecemos como educadores identificados em uma destas categorias: profissionais (professores universitários e/ou de outros níveis de ensino da rede pública ou particular); alternativos (os diversos tipos de integrantes de ONGs ambientalistas ou participantes outras agências, públicas ou civis, devotadas a atividades locais sistemáticas de cunho ambiental); em formação (como os futuros integrantes de nossos cursos). Queremos considerar este conjunto de trabalho científico, pedagógico e ambientalista, realizado em vários planos e direções, como um sistema integrado de educação ambiental. Em seu interior e ao longo de sua trajetória, as atividades de pesquisa científica deságuam em uma vocação organicamente pedagógica, da mesma maneira como as iniciativas propriamente pedagógicas deverão se constituir como momentos privilegiados de construção de conhecimentos, logo, de alguma estilo reconhecido de investigação científica nos intervalos de conexão entre as ciências naturais - como as que configuram a quase totalidade dos projetos do Programa - e as da pessoa humana, da sociedade e da cultura, como as que pretendemos fazer interagirem em, através de e como diferentes momentos da educação ambiental aqui proposta. Saber como fazer isto, e como tornar nossa proposta um modelo multiplicável de interação entre a pesquisa, a docência, a intervenção comunitária e a elaboração proveitosa de material didático a partir da produção científica direta, haverá de ser o nosso primeiro aprendizado.

Palavras-chave: biodiversidade; educação ambiental; divulgação científica; pontes de conhecimento.

Texto completo disponível apenas em PDF.

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Bibliografia

Recebido em 17/08/2002

Publicado em 30/09/2002

  • Galvão, Walnice Nogueira. Mitologia Rosiana.São Paulo: Editora Ática, 1978
  • Rosa, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985
  • Santos, Boaventura Souza. A crítica da razão indolente - contra o desperdício da experiência. São Paulo : Cortez Editora, 2000
  • Santos, Boaventura Souza. Um discurso sobre a ciência. Porto : Editora Afrontamento, 1987
  • *
    Escrito a várias mãos, este texto é ainda um esboço, um roteiro de futuros diálogos e aprofundamentos em um tema ainda relativamente novo para todos nós. Queremos registrar aqui a presença e a colaboração de professores e estudantes de graduação e de pós-graduação da ESALQ/USP, da UFSCar e do Centro Universitário Moura Lacerda, de Ribeirão Preto: (Marcos Sorrentino, Maria de Lourdes Spazziani, Eliana A. Dancini, Maria Castellano, Maria Alice Ferreira, Rita Helena Troppmair de Almeida Moura, Flávia Maria Rossi, Antônio Vitor Rosa, Fábio Deboni da Silva, Isis Akemi Morimoto, Sandra Lestinge, Maria Cláudia Nogueira, Vital Pascarelli Jr., Ana Paula Coati, Cláudia Coelho, Guaraci Diniz Jr., Jorge da Silva, Valéria Freixêdas, Ondalva Serrano, Raquel Pasinato)
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Jun 2013
    • Data do Fascículo
      2002

    Histórico

    • Recebido
      17 Ago 2002
    • Aceito
      30 Set 2002
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